Silencio porque se vai ouvir o fado...
A Casa da Kikinhas
É numa ruela bizarra
A casa da Kikinhas
Tem na sala uma guitarra
E prateleiras com garrafinhas
Vive com muitas gatinhas
Aquela de quem vos falo
E não há maior regalo
Que a vida de kikas
É doida pelas cantigas
Como no campo a cigarra
Se canta o fado à guitarra
De comovida até chora
A casa alcool onde mora
É numa ruela bizarra
Para se tornar chitada
Usa coisas esquisitas
Muitas rendas, muitas fitas
Lenços de cor variada.
Pretendida, desejada
Altiva como as rainhas
Ri das muitas, coitadinhas
Que a censuram rudemente
Por verem cheia de gente
A casa da Kikinhas
É um prédio de aparência singela
Mas muito mal mobilada
E no fundo não vale nada
O tudo da casa dela
No vão de cada janela
Sobre os shots, uma fanfarra
Garrafa de Whiky de penalti com parra
Quadros de gosto magano
Em vez de ter um piano
Tem na sala uma grade e uma guitarra
P'ra guardar o alcolizado espólio
Um cofre forte comprou
E como o gás acabou
Ilumina-se a petróleo.
Limpa as mobílias com cuspóleo
De amêndoa doce e mesquinhas
Passam defronte as vizinhas
P'ra ver o que lá se passa
Mas ela tem por desgraça
Prateleiras com só 2 garrafinhas!!! KIKAS
Letra: Silva Tavares
Música: Luís Duarte Mesquitella (Marceneiro)
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